segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O falso Herói.

Quando era mais nova, lembro-me de rever os filmes e passar à frente as cenas más. Nalguns livros também. A crueldade perturbava-me. Perturba-me ainda. 
Continuo a passa-las à frente.
Aceito que o bom da história se transforme no vilão, mas recuso-me a compactuar. Desvio-me do caminho, dou-lhe licença de passagem. Que não me atormente.
Custa assistir à hipocrisia de alguém que julgávamos que fosse... 
o Herói. 

saudade






saudade

um suspiro arrancado ao peito
um lamento que corrói
acende e queima e apaga
ao mesmo tempo
na memória do corpo
um movimento
um pé que se estica
um braço que se dobra
um olhar que se baixa
uma ferida que não sara
tão perto e tão longe
está o céu

domingo, 27 de novembro de 2011

No prédio

Há coisas que parecem mais antigas do que o arco-da-velha. E ninguém percebe, vá se lá saber porquê. Eu mesmo, Odete de nome, não entendo o que o sr. Baptista faz ali parado nas escadas. Juro que não entendo, dá para eu ir estender a roupa, ligar para as minhas filhas, mandar um e-mail aos meu netos na Suíça, ver as notícias no primeiro canal, enfim, até dá para ir à bica e voltar. E pronto, o homem vai lá estar de certeza, ainda a descer as escadas. Com sorte, já estará no último degrau, já só lhe faltará um passo e a descida acaba-se. Coitado, eu não devia dizer estas coisas, diabos me mordam. Vou à bica.

O Baptista vai estar à espera do filho. Por sua vez, o filho vai chegar, vai levá-lo, vai acenar-lhe e o Baptista vai-se embora. Isto se o filho do Baptista não sair do carro. Caso contrário, o filho do Baptista vai sair do carro, vai trazer um andarilho, vai agarrar o pai e depois ainda vir-me-á bater à porta a dizer as boas tardes.

Bem, eu de facto, como dizia, entretanto fui ao café, voltei, cheguei ao prédio e o homem ainda lá estava. A blusa verde de todos os dias, o mesmo cheiro a tabaco tresandando pelo prédio. Olha-me, pára, e nós conversa de escadas — Bom dia dona Odete – Boa tarde sr. Baptista. E eu sigo. Coitado do homem que está sempre metido em casa e não vê ninguém. Tem a mulher de cama já vai para cinco meses. Tem a cara abatida. O filho chega, não sai do carro. Lentamente, o sr. Baptista vai dar o seu passeio de todos os dias.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Por onde

Ia pela rua
por onde não ia, nunca mais,
por onde não ia ninguém
por de onde não vinha ninguém.

Ia, ia,
pelas estradas percorrendo o betão a cal
e de lá nada vinha
por de onde não vinha
ninguém de ninguém.

Ia, errando pelas memórias de estradas,
por de onde ia
e continuava a vir.
Errava pelas memórias que iam
e pelas estradas que vinham
das memórias de ninguém.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Willie

Era uma cadela muito bonita. A Willie. Uma husky preta e branca. Um olho castanho e outro azul. Ainda tenho uma foto dela no meu quarto. Não era uma cadela normal porque dormia com os gatos e não se dava a qualquer pessoa. Tinha mesmo medo da maioria. Quando a levava a passear, ou o contrário, era sempre uma tarefa difícil. Se não houvesse ninguém na rua íamos, mas quando passava um carro começava a correr para casa. Era engraçado. Lembro-me da primeira vez que nos conhecemos, na minha casa de baixo. Deitadas no tapete olhava para mim desconfiada e punha-me a pata em cima da mão. Eu achava muita piada e punha depois a minha mão por cima da pata dela e passava-mos horas nisso. Eu sorria tanto. Um dia fui dar com ela deitada no quintal com um gato a dormir sob o pêlo dela. É verdade. Na altura não achei muito certo até porque sempre me tinham dito que os cães não gostavam de gatos. A Willie gostava, e  foi aí que vi que nem tudo era como as pessoas grandes diziam. Quando era de noite ela puxava o trinco da porta e ia ter ao meu quarto e roubava-me as meias ou deitava-se lá comigo. Eu deixava-a sempre ficar e dizia sempre à minha mãe que não tinha dado com ela ali. Como se fosse possível.  Mas de um dia para outro ela ficou muito doente, e de dia para dia cada vez mais. A última vez que tive com ela foi ao pé do meu portão. Não queria comer e eu fui lá acima buscar o resto do frango (o prato preferido dela) e dei-lhe na mão. Ela comeu. No céu só havia estrelas e ficamos ali durante um tempo. Disse adeus uma das palavras que ela não gostava. Sempre que eu dizia ela baixava a cabeça e metia a pata no ar. Nesse dia ela já estava com a cabeça baixa e quando eu disse adeus ela levantou a cabeça estendeu a pata e eu a mão e ela a pata e fui para cima para o meu quarto. No dia a seguir levantei-me mais cedo e fui perguntar à minha mãe a que hora vinha o meu pai para irmos ao veterinário. A mãe com os olhos cheios de lágrimas disse:
- A willie morreu. Veio até à porta da varanda e morreu.
Eu chorei muito, muito mesmo. O meu pai veio como disse que vinha e enterramo-la no quintal. Foi um dia triste. Nos anos a seguir eu ia lá e metia flores e falava com ela onde vi o meu pai a mete-la. Ela nunca respondeu. Uma vez na Igreja perguntei a um senhor de bata se os animais também iam para o paraíso, ele disse que não e nunca mais fui à Igreja. A felicidade não existe sem a Willie, dizia. Foi há mais de dez anos. Agora tenho a Big que não gosta de gatos. Mas qualquer dia abre um sindicato a favor dos direitos dos pássaros, penso. Às vezes sento-me nas escadas a apanhar sol e ela já com uns oito anos vem sentar-se ao meu colo. Conseguimos ficar assim horas. No outro dia ela estremeceu, eu senti que era a Willie com ciúmes por nunca a ter pegado assim ao colo. Eras muito grande e eu muito pequena disse a rir. A Big acalmou. A willie percebeu.

O silêncio dos mortos

Ela não queria saber o silêncio dos mortos porque sabia o tenebroso medo que era esse silêncio. Por ter esse medo sabia-o. Tinha medo de morrer porque sabia esse medo. Caminhava sobre um chão que era silêncio, um silêncio feito de mármore frio, onde o eco era o próprio silêncio a ressoar no próprio silêncio. Não queria partir. Não queria ir para o sítio onde estava.

sábado, 19 de novembro de 2011

Habitáculo em chamas

Por dentro da casa em chamas
está o quarto cheio de essência
cheio de tudo a rebentar,
estratos de folhas
sobrepondo-se a camadas de pensamento
e há um intelecto violento
onde todo o habitáculo arde,


as paredes vertem magma
desnudando a pulsação anterior
que já antes ali habitava
plantada a sangue-frio
da voz urgente onde já residia
a primeira vontade que espalhara o caos por toda a casa.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

os textos são corpos efémeros onde residem ideias que reencarnam continuamente

 I

As pessoas escrevem quando querem gritar
Ou quando lhes gritam silenciosamente ao ouvido
“Eu sou aquilo sobre o que irás escrever
Serei o disco repetido que ouves constantemente
Viverei na tua cabeça
Quer me alimentes, quer me ignores
Alojar-me-ei, assim, até que me escrevas
Até que me libertes, me empurres contra o papel
Num parto contínuo sem choro nem gritos.”




II


Assim nascem os textos, pelas nossas mãos. Damos-lhes o nosso ser, o nosso sangue, a nossa língua, a nossa saliva. Logo que nascem, nos abandonam, regressando ao mundo de onde vieram. Quem pode pará-los depois de nascidos?
A nós só nos resta o acto de contemplar. Vemo-los crescer de maneiras desviadas de nós, atingir a sua plenitude, e perguntamo-nos “̶  Fui mesmo eu que te escrevi? Onde estavas antes de te ter escrito que nunca te encontrei na minha cabeça? Como é possível que tenhas saído da minha mão?”




III


Autores, desapegai-vos da vossa obra
Generosamente, despojados de tudo,
Deixai que ela floresça ao
Olhar de quem a pegue,
Que fecunde, que se funda,
Que se metamorfoseie.

Compreendei, finalmente, que nada vos pertence,
Tudo é empréstimo,
Foi-vos sussurrado ao ouvido pelo mundo em que viveis 
E a ele retornará.

Reformai-vos da posição de pais, 
O texto não precisa de encarregado de educação,
Apreciai a condição de avós.
Contemplai com humildade o fruto do vosso fruto 
Sendo gerado por outras mãos,
Outro ser, outra saliva

Utopia

Este desejo utópico que me persegue, é meu,
Um pensamento de um mundo paralelo,
Onde mares e céus se cruzam,
Reflectindo a imensidão de um mundo perfeito,
Onde tu e eu não coexistimos.

Adormeço neste meu anseio incontrolável do imaginário,
Caiu num sono vazio perdida no irreal,
Tento fugir, mas sou puxada pelos meus sentidos,
Adormecida no sonho pelo fascínio.

Deixo-me finalmente avançar para a descoberta,
O tanto desejado novo mundo,
Onde a fauna e a flora se unem num só
Criando a virgindade da floresta.

Consumo-me pela praia iluminada pelo sol,
Onde as ondas abraçam a praia
Onde as águas são límpidas e abundantes de vida
Onde quem reina é o som da maré subinte e descente no areal.

Perdida neste paraíso conheço a solidão,
Sem atravessar os oceanos vivos que tenho no interior,
Deixo-me ficar, não tento fugir,
Não encontro o caminho para o imperfeito,
Procuro-te em mim.

Espero que chames meu nome mais uma vez,
És o meu imperfeito, mais que perfeito,
Tinta da caneta com que escrevo,
Coração uníssono com a minha existência
Existência sedenta do teu eu.

Sinto finalmente o sol mundano, aquele que todos vêem,
E o calor do teu corpo junto ao meu,
Estamos juntos mais uma vez neste mundo incompleto,
Onde estás tu e podes existir em mim.

Supérfluos, idiotas

Supérfluos, idiotas
venha a nós o vosso reino e é feita a vossa vontade
invocam espólios de Sophia como carraças
tagarelam a pobreza quando saem do teatro
mas não a vêem
não olham nos olhos das ciganas que estão à porta da igreja
com medo de se sujarem
e o troco do Bufete a servir de gorjetas à podridão que criam
que lhes convém
que lhes é útil 
é na verdade o verbo que principiam

sábado, 12 de novembro de 2011

Amizade celestial

Se anjos existem
encontrá-los-emos nas amizades que persistem.
Cada amizade encontrada por esta imensidão
é como um anjo que desce do céu cheio de gratidão.

Amizades surgem para nos ajudar,
no que de melhor da vida há pr' apreciar
para nos fazerem, agora e sempre acreditar
que tudo pode sempre um dia melhorar.

Se todos no mundo entendessem
o valor de uma amizade verdadeira,
não fariam tanta asneira
e não deixariam que tantas coisas acontecessem...

Amigos não vêem apenas as nossas qualidades,
muito embora delas todos tenham necessidades.
Amigos convivem com os nossos defeitos
porque somos humanos, logo seres imperfeitos.

Estes anjos não dispõem de asas
nem tampouco caminham sobre brasas,
mas têm na sua alma um doce sentimento
que nos conforta em momentos de tormento.

Assim, todos nós somos anjos neste mundo,
com a divindade de poder consolar,
alguém que se encontre naquele abismo mais profundo
alguém que em nossos braços se queira salvar.

Formulário para um requisito nas finanças

manhã nas horas, entro, há fila à porta
há uma fila que vai desde o centro até à porta,
e o teu olhar consome.
números avançam de pessoas que andam
nada pára tudo avança, e o teu olhar arde.
é a vez da minha vez, seguro a caneta
preencho números que me levarão a outros corredores
agarro senhas, e o teu olhar queima.

assino folhas de cálculos, subtraio
iva e descontos, já só falta o cabeçalho
preenche-me, e diz me que o teu olhar mata.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Janela


Existe uma janela muito antiga numa casa dentro de um bosque, ornada com uma cortina de bolor e apenas suspensa sobre um pouco de fio de Ariane. 
Todos os dias sobre a janela se debruça uma velha que de manha à noite roga a Atropo para que se sirva da fatal tesoura.
Sabe que a vida só pode alongar-se                                                                                          
enquanto um gato                                                                                                                             
ainda vem alimentar-se de noite.
Mas o gato desparecera e a oração confunde-se agora no som do vento que agita a cortina, as árvores, o rio, a perda de um tempo que sucede o gosto amargo das estórias que não se realizaram em tempo algum. 

DISCURSO MUDO

Um bater brusco de porta anunciara o acontecimento. As palavras repercutiam-se na minha cabeça, desorientando-me os pensamentos.
Convocaram-se as partes, apresentaram-se os factos e as descrições do acontecimento. Já passava das nove e meia.
Dirigi-me ao carro. Seguia o ruído de um motor acelerado, quando um corpo mudo e submisso embateu no meu pára-brisas.
Envelhecido nos cascos, o caso, dava luz aos espíritos e fazia acordar a voz paradoxal da ciência dos homens.
Coloquei o pé na ferida e travei com violência. Com os olhos no espelho retrovisor revisitei avenidas, ruas, bairros que hoje envergam as vestes do meu outro ser. Atravessei tufões, mares, e numa braçada regressei.  
Entorpecido por um Deus oculto ou malévolo, o homem, sentado no banco, respirava paulatinamente a sua culpa.
Analisadas as provas, lidos os autos, a sala, inundada por um estranho silêncio, projectava um corpo no eu da minha existência.    Um ecrã de vidro jorrava o sangue nas minhas pupilas e não. Não era uma dicotomia.
O outro, vestido de negro da cabeça aos pés, enfatizava.
Os ânimos exaltavam os discursos e o calor proveniente dos corpos sublinhava o cheiro asfixiante da sala.
De novo em marcha, seguia a minha voz. A voz, afinal já não era minha. A voz do ócio ou a voz ladina, vestida de negro.
De alguém que escreveu “… a bruta fereza do nosso sangue animal… espera por nós… emboscado nas encruzilhadas… escarnece de nós e destrói-nos…
Ou a voz do homem.
… em determinadas e raras circunstâncias conduz-nos… depois da destruição… até uma paz incompreensível.”
Ou a voz do discurso, de um corpo que era o dela.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sirvo-te o jantar

Deitei-te na minha cama
Antes de sentar-te à minha mesa.
Agora, fazes-me de banquete,
Comes-me na cama,
E sais sem nunca ficar para jantar.

Veloz

Saltas-me para cima, acalma aí as duracel
pensas que és canónica ou quê,
não te ensinaram a ler os clássicos?
já vi que não
recomeçemos a aula:
primeiro a República [a monarquia foi
estagnação do intelecto]
depois Homero, Virgílio, seguimos
Horácio, clarificamos a teoria,
passamos por Petrarca, Camões
uns quantos mais
e logo digo-te o resto,
agora deixa-me vestir
que estou nu.

Ser medo

Sou a penumbra dos mortos.

O abismo que julgas ser o infinito.

O medo que te assusta sem te tocar

Que para sempre será medo

por não te tocar,

por só imaginares.

A angustia deixada em sonhos acordados.

o medo que assusta a alma

sem tocar.

A estranheza,

o medo de ser o último

o medo de ser o único.

Só.

A impossível fuga a morte.

porque já se é a morte.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Há um princípio

há uma podridão em devoluto nas circunferências das tuas entranhas,
ruínas de obras a sangue quente, cicatrizas,
plantas dos pés dos textos no prurido de narrativas que envelhecem
rasgas, folhas meio feridas, de dor exangue
apodrecem nos calaboços de bibliotecas.


escreves inscreves, na ardósia do corpo palavra desnuda
sem retórica, métrica livre palavra pura
descomprometida das eras do concreto do tempo
viajas, na pele limas a cal do corpo, percorres a derme
matiz em matiz, matizas
o tatuado nos ossos do cerne
onde tudo se cria, jardins
plantam árvores árvores constroem casas
maçãs semeiam pecados esboças
o roteiro final dessas busca que buscas
e segues procurando, vês, por fim
na clara noite o caos que em ti tudo degenera
e pareces ser o princípio do nada,
verbo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

sim eu quis-te

sim eu quis-te
com todo o teu esplendor eu quis tocar-te 
procurei-te  sofregamente em os todos poemas
inventei palavras de amor de um amor que nunca existiu
para depois matar 
matar em narrativas de ciúme ódio pudor
escárnio e maldizer
suicidei-nos amorzinho suicidei-nos 
e é isto 
de repente Silêncio
e atiramos trapos para o chão,
bebem nos cantos são merdas da vida que passam
não têm lugar não procuram ter lugar
parasitas a fundo que pique
a pique sobem e entranham-se no nosso salário
mas hão de ouvir
da boca dos que nada entra
da boca dos que há muito para cospir, sobre a mesa
em São bento sobre a gravata que está sobre a camisa e sobre pensarem
que estão sobre tudo e todos
e calam ou há aparências do sobre como e porquê fazer
mas não, não, pelo menos o amor da cama não nos cortam.






brincam às troikas e baldroicas
cabras-cegas nas vendas da selvajaria
para onde
há mergulhos de agulhas, seringam jogos de meia europa
e bebem por finos copos de capital.


sacodem-nos, batem a port


ugal que se estilhaça jangada fora, ibéria cruzada
ilha no largo oceano que navega no meio do nada
ainda no decurso da breve tirania




e guilhotinam
décimos terceiros parecem uns apara-notas
cortam tudo ou quase tudo, não sabem do que falam nem falam do que sabem
parecem baratas tontas à deriva em wall street
querem chocalhar os cordéis à nossa bolsa
mas,
não vêm que no nosso amor não mandam.




vampiros
ide arranhar os bolsos às vossas mães.

domingo, 6 de novembro de 2011

os amantes

Estamos quase no fim, amor.
Sim, ambos sabemos que o amor tem fim. 
Dei por ele quando a tua ausência 
não me desencantava tanto como a tua presença. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Revolto-me

e cruzo dedos tento esquecer
faço votos de indiferença sobre
o vai vém de lixo podre, literatura mínima
não literatura, planos de escrita de
e para a figura fashion, a elite
a cereja na mijordice do bolo o snack
trincado e depois cuspido, essa qualquer
coisa no escaparate, literatura rosa, branca pálida
de ausente cor, desse amontoado de esquiços no wc pertinente
dessa fast literature, o poeta da florzinha e do pássaro
da literatura reproduzida no orgasmo Gutemberg, Grito:
a maquinaria industrial tric trac como uma peça de vestíbulo
não reciclável entulho prévio fossa de ideias
aberrante
colóquio de Marias e Margaridas
Sim, sois vós a camada grossa do literato abéculo
do burburinho na obra, da velha mete-nariz, o amante adúltero
e teenagers coca-cola clichés em profundidade básica
Abomino
os que ainda fazem os que estão para fazer
o romance perfeito hollywood nas entrelinhas
em manhattan brooklyn bridge mais-que-perfeita
edénica estupidez estética reality show
sensacionalismo abrupto Irrompo
para acatar ao senso crítico
elaborado nas torres do córtex
aprumo de meditações
no declinar
do poema contemporâneo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

MAD HATTER

Let´s make love in the rain
Let's make rain out of love
Shall I serve you a cup of tea?
Shall tea serves me a cup of you?
Though it might seem nonsence
my dear Alice, you must remember
we're all mad in here
;)