segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cachopos

Ainda a manhã parece ontem, e já os cachopos tossem de má manha. A mãe atirou-me aquelas criaturas para os braços, á espera de não sei quê e de não sei quantos milagres. Se é de tarde, os estafermos agarram-se à tv, depois partem-me os vidros da vizinha com a bola e atravessam o monte à espera que o Ti Chico lhes resolva uma infinitude de milagres. Mas não não, comigo não fazem, que a mãe disso já é bem sabida. Fazem beicinho de misericórdia – Oh tia, oh tia – Oh tia nada, digo-lhes – e nem mais mas nem meio mas – nem tia Silvina para aqui, nem tia Silvina para acolá. Acabou-se. Farta.
Depois a mãe regressa, baixo o pio dos galos, pela calada. Fazem-se de anjinhos, a aureola não a vejo. E como foi o dia de hoje? E portaram-se bem? E fizeram, e aconteceram,e? e...? Já sem pachorra para as papagaiadas daquela mãe e as suas perguntinhas diminutivinhas, como se os seus menininhos fossem uns anjinhos, mas é peninha, porque aquela ignorantesona não vê o comportamento irritante daqueles trastes. E eles voltam, no dia seguinte. Para mais um capítulo de santas paciências. À espera dos responsos da tia Silvina, dos milagres do Ti Chico.

2 comentários:

Olga disse...

Curioso, acho que que conheço esses cachopos de algum lado.

cecilia barreira disse...

Diogo: cada vez melhor, uma linguagem fluida. Gosto.
Cecília