terça-feira, 18 de outubro de 2011

Perdemo-nos

Tínhamos tudo! tínhamos a pele para nos sentirmos, e tínhamos-nos dentro da pele para existirmos. Tínhamos os lábios e as mãos. Tínhamos relógios sem sentido que nos faziam ficar, tínhamos relógios parados para só haver presente. Tínhamos o chão para pisar. Tínhamos lábios com formas desajeitadas que ganhavam outras formas à medida que percorriam a pele, a pele que nos tinha por dentro. Os lábios, esses lábios tinham todas as palavras do mundo.
Tínhamos tudo, mas, ninguém pode ter tudo. Nós tínhamos... e éramos ninguém. Ninguém, pode ser ninguém.Perdemos tudo.