sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Janela


Existe uma janela muito antiga numa casa dentro de um bosque, ornada com uma cortina de bolor e apenas suspensa sobre um pouco de fio de Ariane. 
Todos os dias sobre a janela se debruça uma velha que de manha à noite roga a Atropo para que se sirva da fatal tesoura.
Sabe que a vida só pode alongar-se                                                                                          
enquanto um gato                                                                                                                             
ainda vem alimentar-se de noite.
Mas o gato desparecera e a oração confunde-se agora no som do vento que agita a cortina, as árvores, o rio, a perda de um tempo que sucede o gosto amargo das estórias que não se realizaram em tempo algum. 

3 comentários:

Rita disse...

Lindo!!!

Diogo Godinho disse...

Espectacular. Cada vez mais a atingires outras dimensões Olga.

cecilia barreira disse...

Não é por fazeres hoje anos: mas escreves cada vez melhor. Bj